A jornada inspiradora d’Aquela Kombucha

por Maria Serrenho Lima

Partilha, resiliência e a grandeza nas pequenas coisas: lições aprendidas com a arte da fermentação

Não estamos sozinhos.

Somos parte de um todo: de um universo, de um planeta, de um continente, de um país, de uma cidade, de uma comunidade, de uma família. É positivo ganhar perspetiva. Quando me afundo em problemas por resolver, ajuda-me e acalma-me perceber que eles são na verdade insignificantes e passageiros; para além de que ‘tudo tem solução’ – como diz o meu post it.

É bom perceber que englobamos duas ideias antagónicas: grandeza e pequenez. À escala do universo somos muito pequeninos, mas também temos um grande impacto – tal como os microrganismos.

A fermentação ensinou-me muito. Para além de aprender a fazer kombucha, aprendi a reconhecer e a conectar-me com o ritmo da Natureza, a respeitar o seu equilíbrio simbiótico. Acabei a rever-me em células microscópicas e a sentir-me igual a elas. Até me iniciar nas fermentações, na cozinha da minha mãe, não tinha uma real noção da vida microscópica nem da vida à escala humana, diga-se.

Quem fermenta, sabe. Quem fermenta, sabe o que é ficar à mercê do outro, nas mãos do universo, ao permitir que seres invisíveis façam grande parte do trabalho e confiar que o resultado vai sair delicioso.

Nem sempre é o caso. No verão passado deitámos pelo cano abaixo cerca de 1000L de kombucha que “cozeu” devido à vaga de calor que assolou o Porto quando fomos de férias. A edição limitada do Mirtilo não saiu à primeira, nem à segunda, foi à terceira.

Fermentar é duro, tal como a vida ao sermos parte ativa dela. Mas a minha única certeza é a partilha e a entreajuda, sem a qual não teria sobrevivido a tanto “azar”. Nenhum microrganismo vive isolado, nós tão pouco. Aquela Kombucha nem pensar! Por isso criamos parcerias, eventos e ideias com terceiros – pois é mais divertido e mais interessante, honrar as nossas origens microscópicas e fermentarmos em conjunto.

Aquela Kitchenette é um exemplo de tudo isto. Várias forças distintas, unidas, a cozinhar para nos fazermos felizes a nós e aos outros. No fundo, a honrar a mãe natureza por todas as delícias e força que ela nos dá.

Fermentem-se!

Maria Serrenho Lima

Fundadora da Aquela Kombucha

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